Aprender entre as plantas com uma mestra raizeira: uma problematização (in)disciplinar de práticas socioculturais de cuidado

Eliziara Pereira Coutinho

Licenciada em Educação do Campo, com habilitação em Matemática, pela Universidade Federal de Minas Gerias. Camponesa, artesã, educadora popular, bioconstrutora e coordenadora da Arca das Letras. Membro dos Grupos de Pesquisa InSURgir e Estudos sobre Numeramento (GEN) da UFMG. E-mail: eliziaracoutinho@gmail.com

Carolina Tamayo

Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Integrante do grupo de pesquisa inSURgir (UFMG), do grupo “Educação, Linguagem e Práticas Culturais” da UNICAMP e “Matemáticas, Educación y Sociedad” da Universidade de Antioquia (Medellín, Colômbia). Coordenadora da Red Latinoamericana de Etnomatemática para Sul América. E-mail: carolina.tamayo36@gmail.com

Resumo: Esta comunicação apresenta os efeitos de se aprender entre as plantas com uma mestra raizeira numa escola do campo, mediante a proposta de uma problematização (in)disciplinar de práticas de cuidado. Para isto, pretendeu-se ampliar as discussões sobre Educação [Matemática] do Campo assumindo uma postura decolonial. A pergunta que nos orientou no desenvolvimento da pesquisa foi: Como uma problematização (in)disciplinar de práticas socioculturais de cuidado com as plantas medicinais na aula de matemática, na Escola da Lapinha em Morro do Pilar (MG), junto a uma mestra raizeira, possibilita desdobramentos decoloniais para a Educação [Matemática] do Campo? Respondemos essa pergunta com uma pesquisa de ação coletiva, em colaboração com a mestra e os estudantes da escola, sendo possível escutar as vozes da comunidade, ao estudar a linguagem das plantas presentes no território.

Palavras-chave: Educação do Campo; (in)disciplinaridade; Plantas medicinais.

Resumen: Esta comunicación presenta los efectos del aprendizaje entre plantas con una maestra raicera en una escuela rural a través de una problematización (in)disciplinar de prácticas de cuidado. Para ello se pretendió ampliar las discusiones sobre la Educación [Matemática] Rural asumiendo una postura decolonial. La pregunta que nos guio fue: ¿Cómo una
problematización (in)disciplinar de prácticas socioculturales de cuidado con plantas medicinales, en la clase de matemáticas, en la Escola da Lapinha en Morro do Pilar (MG), junto a una maestra raicera posibilita desdoblamientos decoloniales para la Educación [Matemática] Rural?
Respondimos a esta pregunta con una investigación de acción colectiva, en colaboración con la raicera y los alumnos de la escuela, permitiendo escuchar las voces de la comunidad, a través del estudio del lenguaje de las plantas presente en el territorio.

Palabras clave: Educación Rural; (in)disciplinariedad; Plantas medicinales.

Abstract: This communication presents the effects of learning among plants with a root master in a rural school through the problematization of (in)disciplinary of care practices. To this, the aim was to expand discussions on Rural [Mathematics] Education by taking a decolonial stance. The question that guided us in the development of the research was: How does an (in)disciplinary problematization of sociocultural practices of caring for medicinal plants in mathematics classes at Escola da Lapinha in Morro do Pilar (MG), together with a master, enable decolonial developments for rural (mathematics) education? We answered this question with collective action research, in collaboration with the root master and the school’s students, making it possible to listen to the voices of the community, by studying the
language of the plants present in the territory.

Keywords: Rural Education; (in)disciplinarity; Medicinal plants.

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