Emerson Bastos Lomasso
Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Doutor em Educação Matemática. E-mail: emerson.lomasso@uemg.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2947-722X
Maria Cecília Brandão Passos
Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Graduanda em Engenharia Ambiental. E-mail: maria.2511300082@discente.uemg.br. ORCID: https://orcid.org/0009-0001-9621-4649
Resumo
Este artigo analisa a relação entre a Arquitetura Vernacular e o Programa Etnomatemática, buscando compreender como práticas construtivas tradicionais podem se constituir em instrumentos pedagógicos no ensino da matemática direcionados, dentre outros, aos povos tradicionais. A pesquisa, de caráter qualitativo e bibliográfico, examina dois casos em dois estados do Nordeste brasileiro, Maranhão e Sergipe, onde os mesmos enaltecem o processo construtivo vernacular. O artigo fundamenta-se teoricamente em D’Ambrosio, Rosa e Orey, dialogando com as perspectivas do Programa Etnomatemática, como também Andrade e Russo, conceituando e exemplificando o método construtivo vernacular. Nesse sentido, a Arquitetura Vernacular evidencia saberes matemáticos não acadêmicos, porém eficazes, que emergem da relação entre comunidade e meio ambiente. Os resultados apontam para uma convergência entre Arquitetura Vernacular e o Programa Etnomatemática, reforçando a valorização dos saberes locais e indicando caminhos para um ensino de matemática mais crítico, inclusivo e alinhado às realidades dos povos tradicionais.
Palavras-chave: Etnomatemática. Arquitetura Vernacular. Educação Matemática. Saberes Tradicionais. Decolonialidade.
Vernacular Architecture from the perspective of Ethnomathematics
Abstract
This article analyzes the relationship between Vernacular Architecture and the Ethnomathematics Program, seeking to understand how traditional construction practices can serve as pedagogical tools in mathematics education aimed at, among other things, traditional peoples. The qualitative and bibliographical research examines two case studies in two states in Northeastern Brazil, Maranhão and Sergipe, where the vernacular construction process was emphasized. The article is theoretically grounded in D’Ambrosio, Rosa, and Orey, engaging with the perspectives of the Ethnomathematics Program, as well as Andrade and Russo, conceptualizing and exemplifying the vernacular construction method. In this sense, Vernacular Architecture highlights non-academic yet effective mathematical knowledge that emerges from the relationship between community and environment. The results point to a convergence between Vernacular Architecture and the Ethnomathematics Program, reinforcing the appreciation of local knowledge and indicating paths for a more critical, inclusive mathematics education aligned with the realities of traditional peoples.
Keywords: Ethnomathematics. Vernacular Architecture. Mathematics Education. Traditional Knowledge. Decoloniality.
La Arquitectura Vernácula desde la perspectiva de la Etnomatemática
Resumen
Este artículo analiza la relación entre la Arquitectura Vernácula y el Programa de Etnomatemáticas, buscando comprender cómo las prácticas constructivas tradicionales pueden servir como herramientas pedagógicas en la educación matemática dirigida, entre otros, a los pueblos tradicionales. La investigación cualitativa y bibliográfica examina dos estudios de caso en dos estados del noreste de Brasil, Maranhão y Sergipe, donde se enfatizó el proceso constructivo vernáculo. El artículo se fundamenta teóricamente en D’Ambrosio, Rosa y Orey, quienes abordan las perspectivas del Programa de Etnomatemáticas, así como en Andrade y Russo, quienes conceptualizan y ejemplifican el método constructivo vernáculo. En este sentido, la Arquitectura Vernácula resalta el conocimiento matemático no académico, pero efectivo, que surge de la relación entre la comunidad y el entorno. Los resultados apuntan a una convergencia entre la Arquitectura Vernácula y el Programa de Etnomatemáticas, reforzando la valoración del conocimiento local e indicando caminos para una educación matemática más crítica e inclusiva, alineada con las realidades de los pueblos tradicionales.
Palabras clave: Etnomatemática. Arquitectura Vernácula. Educación Matemática. Saberes Tradicionales. Decolonialidad.
Referências
ANDRADE, D. F. Arquitetura vernácula e popular [manuscrito]: a taipa de mão no semiárido sergipano. 2022; 205 f. Dissertação de mestrado – Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2022 MG. Disponível em
https://hdl.handle.net/1843/179 . Acesso em 20 de junho de 2024.
BRASIL. Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 9 jan. 2003.
BURNETT, Eduardo. Arquitetura popular e vernacular: reflexões sobre processos construtivos e marginalidade social. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2022.
CASTRO, L. M. Arquitetura Vernacular em Morro Vermelho, Município de Caeté, MG: Uma análise da incorporação de novos aportes construtivos nas edificações. 53 f. Dissertação de mestrado – Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte MG. 2023. Disponível em
https://hdl.handle.net/1843/179. Acesso em 20 de junho de 2024.
COSTA, B. G. O. Etnomatemática aplicada no contexto comercial de São Luís: uma análise das práticas matemáticas dos trabalhadores da CEASA e Mercado das Tulhas. Artigo em periódico, IFMA. Maranhão. 2014. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/385444257 Acesso em 4 de julho de 2025.
D’AMBROSIO, U. Da realidade à ação: reflexões sobre a educação e matemática. São Paulo: Sumus; Campinas: Ed. da Universidade Estadual de Campinas. 1986.
D’AMBROSIO, Ubiratan. O Programa Etnomatemática: uma síntese. Acta Scientiae, Canoas, v. 10, n. 1, p. 7-16, jan./jun. 2008.
FIORENTINI, Dário. NACARATO, A. M. Cultura, formação e desenvolvimento profissional de professores que ensinam matemática: investigando e teorizando a partir da prática. Campinas, SP. ed. Mussa, 2005.
LIMA, L. A. M. Um elo entre a arquitetura vernacular e a contemporaneidade: a incorporação de culturas e inteligências construtivas tradicionais. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2021. Disponível em https://repositorio.ufrn.br/handle/123456789/46472. Acesso em 11 de agosto de 2025.
LOMASSO, E. B. Uma formação continuada, por meio de engenharia didática, de professoras polivalentes com o foco em conhecimentos e práticas pedagógicas referentes ao conceito de número natural. 2019. 157 f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) — Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação Matemática, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2019. Disponível em: https://tede2.pucsp.br/handle/handle/22813. Acesso em: 12. dez.2025.
ROSA, M.; OREY, D. C. Etnomodelagem. A arte de traduzir práticas matemáticas locais. São Paulo, SP, Editora Livraria da Física. 2017.
RIBEIRO, G. C. Lutar com os pés no chão para continuar caminhando: Uma ecologia política da megamineração de ferro no distrito do vale das cancelas (Grão Mogol/MG). Dissertação (Mestrado em Sociedade, Ambiente e Território) – Universidade Federal de Minas Gerais, Montes Claros MG, 2017. Disponível em Repositório Institucional da UFMG: Dissertações e Teses. Acesso em 20 de junho de 2024.
SILVA, S. R. Quilombos no Brasil: a memória como forma de reinvenção da identidade e territorialidade negra. XII Colóquio Internacional de Geocrítica. Bogotá. 2012. Disponível em 08-S-Rezende.pdf . Acesso em 1 de agosto de 2025.
SOUSA, M. M. Geografia da arquitetura vernacular nos Lençóis Maranhenses. 2023. Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2023. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-26062024-161141/. Acesso em: 30 ago. 2025.
TEIXEIRA, C. M. Considerações sobre a arquitetura vernacular. Cadernos de Arquitetura e Urbanismo, V.15, n. 17, 2° sem. 2008. Disponível em https://periodicos.pucminas.br/Arquiteturaeurbanismo/article/view/1001. Acesso em 10 de julho de 2025.
WALSH, Catherine (Ed.). Pedagogías decoloniales: prácticas insurgentes de resistir, (re)existir y (re)vivir. Tomo I. Quito: Ediciones Abya-Yala, 2013. Disponível em https://revistas.udea.edu.co/index.php/revistaeyp/article/view/6652. Acesso em 10 de julho de 2025.
